Não gosto do Halloween. Por isso, todos anos em noite de todos os santos, coloco um bilhetinho na porta a pedir 'Bebé a dormir. Não tocar à porta sff'. Mas este ano foi diferente. O JM (4 anos) foi alimentando alguma expectativa à volta da festividade. Convenceu a Avó a comprar-lhe uma t-shirt e guloseimas para o seu Halloween, como que a adivinhar que seria convidado pelos vizinhos mais velhos para participar nas rusgas.
Não gosto do Halloween mas sou pai. Seria incapaz de privar um filho de uma diversão que se está a tornar moda na sua geração e, pensando bem, não é tão maléfica assim. Então a Mãe improvisou uma máscara de morto-vivo (ou lá o que era aquilo), vestiu a t-shirt que encomendara à Avó e seguiu o rapaz no meio de bruxinhas e mostrengos no que veio a ser o seu primeiro Halloween.
[Neste momento são 21h30 e parte do meu aspecto zombie deve-se à privação de sono]
Nós (eu e a Mãe), amadores nestas andanças, aguardávamos com ansiedade a chegada da trupe. Quando do lado de lá da porta, começámos a ouvir os gritinhos excitados da companhia e, entre eles, a vozinha do JM a dizer «esta é a minha caja», não esperámos pelo toque da campainha. Abrimos a porta e começamos a distribuição das guloseimas. Fechámos a porta e preparávamos para descansar. O MM já dormia no nosso quarto (longe da confusão). Eis que se ouve ao fundo mais uma trupe de monstrinhos a tocar na porta dos vizinhos de cima.
Nós (eu e a Mãe), amadores nestas andanças, tínhamos esvaziado o saco dos caramelos à primeira rusga. Não nos lembrámos que mais grupos organizados de monstrinhos poderiam bater-nos à porta durante o resto da noite. Eis que voltámos à nossa tradição muito familiar. 'Bebé a dormir. Não tocar à porta sff'.