Educação autárquica

Tirando algumas franjas do pensamento político, a nossa sociedade é (ou pelo menos, mostra ser) adepta da democracia. É isso que ensinamos às nossas crianças. Somos pela democracia, porque, apesar de não ser um sistema perfeito, é o sistema mais justo para nos governarmos. Há quem acrescente, o melhor dos que experimentámos até agora. Eu concordo. Apesar de todas as más decisões que fomos tomando e de tantos políticos mal escolhidos, as opções dos últimos 30 anos foram nossas, isto é, da maioria de nós. E, a verdade é que, comparando com a miséria que se vivia antes do 25 de Abril, as opções não têm sido assim tão más.

Já aqui escrevi que repudio o discurso anti-democrático. Aquele discurso de quem, não concordando com as opções da maioria, diz que «não foi para isto que se fez o 25 de Abril». Uma variação que suscitou discussão acesa num almoço de família recente é a tese de que nos deveríamos abster nas eleições autárquicas como forma de protesto contra os políticos. Eu questiono: se não formos nós a escolher quem administra as nossas Juntas de Freguesias e as nossas Câmaras Municipais, quem deverá ser? O Governo? A troika?

Repito. Mal ou bem, a democracia dá a opção dos os cidadãos decidirem quem querem à frente dos desígnios da freguesia, da cidade e do País. A lei prevês que quem não se sente representado pelos partidos pode fazer uma lista de independentes. São direitos nossos, dos quais não devemos abdicar. Assustam-me os dados da Pordata, que mostram que a taxa de abstenção nas eleições autárquicas tem crescido e ficou nos 41% em 2009. Como é que 41% dos portugueses não querem saber? Desculpem-me, mas não concordo com esta demissão das nossas responsabilidades enquanto cidadãos. E acho que é um péssimo exemplo para as gerações futuras.

Temos 3 dias até ao dia das eleições autárquicas. A maioria dos candidatos têm os seus programas online. Procure, interessem-se pelo que pensam, pelas soluções que apresentam, pelo que prometem. Discutam em família qual das candidaturas será melhor para vos representar. Envolvam as crianças mais velhas neste momento de cidadania activa. Estou que eles sentirão orgulho de acompanhar os pais no dia das eleições. Afinal de contas, trata-se também de educar os nossos filhos. Temos o dever de zelar pela sociedade que é nossa e (até ver) democrática. Certo?

Etiquetas: , ,