Convulsões febris: o bicho-papão que faz tremer
Sofia Ribeiro Fernandes
As convulsões febris não são mais do que a resposta do cérebro à febre. São comuns em crianças saudáveis com idades compreendidas entre os 6 meses e os 5 anos e acontecem geralmente no primeiro dia de febre. Aliás, muitas vezes, os cuidadores nem se apercebem que a criança estava com febre. São um bicho-papão, assustadoras, parecem quase indomáveis... Há perda súbita de consciência, acompanhada de movimentos bruscos dos braços e pernas, ou só dos braços, ou só de uma perna, ou pode haver uma flacidez do corpo todo. Parecem infindáveis, durar horas... Mas a maioria tem duração inferior a 5 minutos. A dança assustadora acompanha-se de um olhar vago e perdido e da ausência total de resposta a estímulos, nomeadamente à chamada pelo nome. Quando a dança pára, a criança fica com sono e pouco reactiva durante algum tempo (também a parecer infindável).
As 6 dicas para enfrentar o bicho-papão
Primeira Dica: Olhar para o relógio!- Dir-me-ão com quase toda a certeza que é impossível estar a olhar para o relógio, mas se se lembrarem... É importante para caracterizar a duração das crises e consequentemente o tratamento.
Segunda Dica: Deitar a criança posicionada de lado, o que lhe permitirá respirar melhor e, em caso de haver vómito, não haver aspiração do mesmo, e numa superfície confortável e ampla de forma a que nessa dança irrequieta não se magoe.
Terceira Dica: Proibido colocar qualquer coisa na boca!
Quarta Dica: Está com febre?- é difícil avaliar a temperatura corporal na maioria das crianças, muito mais ainda se a criança estiver a convulsivar, por isso, se tiver febre, por avaliação quantitativa com termómetro ou avaliação pelos tão conhecidos termómetros de mão na testa (subjectiva, tal como as mãos e pés frios com o corpo escaldante), administrar um supositório de paracetamol na dose adequada ao peso. Se não tiver febre, não é convulsão febril, mas também um paracetamol em modo foguetão não fará desarranjos. Se não tiver supositório, não fazer medicação pela boca durante a convulsão, porque é altamente proibido.
Quinta Dica: Porque a convulsão vai parar ao fim de alguns minutos, geralmente menos de 5 minutos, a criança vai ficar flácida como uma minhoca, com pálpebras sonolentas e pouco reactiva. É o chamado estado pós-ictal, que não é mais que o descanso fisiológico pós-convulsão e que deverá ser respeitado.
Sexta Dica: É a primeira vez?- Importante ser observada por um médico para estabelecer o diagnóstico e esclarecerem as dúvidas porque pode voltar a acontecer em outros episódios de febre. Já não é a primeira vez?- Já são sábios no assunto, até porque já exploraram o bicho-papão até às entranhas, já o conhecem bem e não se esquecem de olhar para o relógio. Com certeza já têm uma arma poderosa chamada diazepam, uma bisnaga cor-de-rosa que se introduz no rabiote, às vezes precipitadamente (o que até se entende), a utilizar quando a crise dura mais do que 5 minutos. Neste caso, deverão ser observados por um médico se: a crise durar para além dos 5-10 minutos, a criança não despertar após 20-30 minutos pós-crise, os movimentos da crise foram diferentes dos das crises anteriores, ficar com dificuldade em falar, paralisia de um braço ou perna ou comportamentos que não tinha antes da crise e também se a dança voltar nas horas seguintes.
São um bicho-papão destemido que faz tremer algumas crianças, os cuidadores e às vezes, até os que estão habituados a lidar com elas. Mas, na maioria dos casos, até aos 5 anos de idade, vão-se embora e não voltam mais…
Que bom ter estas infos aqui! Obrigada joao e sofia!!
ResponderEliminarEste foi, sem dúvida, um dos meus maiores medos desde que tive o meu bebé. Agora ando mais serena, mas tinha pavor. Como o meu irmão costumava ter, e nós temos 9 anos de diferença, sendo eu a mais velha, tenho bem presente o que os meus pais passaram. Eu entrava em pânico cada vez que o meu irmão tinha febre e acabei por voltar a sentir o mesmo agora, com o meu filho. Estas dicas são super úteis... como sempre, aliás!
ResponderEliminarInfelizmente já passei por isto mas como não existia gente boa a Partilhar estes conselhos, fui a correr para o hospital, mas agora estou mais informada e bem mais segura de que serei capaz de reagir e tratar, caso volte a acontecer( espero bem que não)
ResponderEliminarObrigada Joao e Sofia pela partilha!!
Parabéns pelo post! É daquelas coisas em que não queremos pensar, mas é sempre bom termos esta informação. Posso fazer uma sugestão: que venham mais posts destes, sobre o que fazer em situações de aflição, por exemplo, em situação de engasgamento, etc. . Obrigada, Susana
ResponderEliminarMuito orbigada por estas informações tão importantes. A minha filha teve 2 episódios destes, mais do que assustador foi estranho porque não fazia ideia do que se passava com ela :s o pior foi mesmo o ar assustado e o olhar perdido e arregalado com que ela ficou.
ResponderEliminarO meu irmão também tem convulsões, mas com ele é mais complicado, tem epilepsia e com 1,84 é mais dificil do que com uma criança.
Eu tremo de medo de uma coisa destas.
ResponderEliminarUma vez por semana, o meu filho roça os 40º temperatura. Toma o benuron, e pronto. Episódio isolado a cada 6ª de madrugada. Morro de medo do meu pequenino de 1 ano e 10.5kg ter uma coisa assim.
Muito obrigada a ambos por tamanha ajuda a mãe ignorantes de medicina.
Muito elucidativo e útil!
ResponderEliminarDicas para imprimir!
Excelente artigo!
ResponderEliminarVou ser sincera, nunca pensei nesta situação por total desconhecimento da minha parte(felizmente, nunca tive contacto com esta realidade). Agradeço-vos muito por esta informação!
Este artigo foi muito bom João, aliás como todos...
ResponderEliminarDeixo aqui o meu testemunho de mãe aflita do bicho papão e outras mamãs
http://www.profissaomae.com/2013/01/convulsao-febril.html
http://www.profissaomae.com/2013/02/testemunhos-de-maes.html#more
Bjinho